sexta-feira, maio 27, 2005


Passageiro nº 08

A luz do sol recém-nascido,
Entra pela úmida janela,
Aquece meu corpo frio
Sob o azul de um cobertor e,
Sussurra uma poesia para mim.

Alguém canta À Primeira Vista
E um rio passa sob meus pés.

A ruiva do meu lado,
Penteia seu flamejante cabelo,
Com toda graça e vaidade
Que só as mulheres possuem
(Deve ter alguém esperando
Pra se queimar em suas madeixas de fogo).

Alguém canta À Primeira Vista
E o mar passa sobre as pedras.

Os pássaros que pousam
Sobre os telhados das casas,
Lembram a Gabriela
Subindo em um mesmo telhado,
Pra pegar a pipa daquele garoto.

Alguém canta À Primeira Vista
E a cidade passa sob meus pés.

Adeus Ilhéus!



Eu comecei a fazer esse poema em um ônibus, estava viajando de Salvador para Canavieiras, uma cidade no sul do estado, viajei à noite, quando amanheceu o ônibus estava entrando em Ilhéus, era a primeira vez que eu entrava na cidade, acordei com a luz do sol no meu rosto, a moça do meu lado se preparando para descer e a música "À Primeira Vista" tocando no rádio (na versão linda do Chico César).

Às vezes eu penso no poeta como uma antena, e a poesia como uma entidade, ela mora em outro plano de existência, porém está em todos os lugares, tentando o tempo todo se comunicar com a gente, mas somente os poetas conseguem ouvi-la, conseguem enxergá-las.


2 comentários:

Anônimo disse...

Passo muit pouco pelos blogs e sempre que te procuro te encontro num lugar diferente!!! rs bjs

Anônimo disse...

Só os poetas as ouvem, mas nem sempre conseguem traduzí-la com o mesmo encanto.