sexta-feira, julho 22, 2005

Lascívia Noturna
by Íris M. Lima


Eu gosto quando ele chega
Me acolhe em seus braços
Me ama baixinho

Eu gosto quando ele me pega e me traz
Arranca minha roupa
Me agarra por trás

Eu gosto quando ele morde minha orelha
Roça seu sexo ao meu
Sussurra obscenidades em meu ouvido

Eu gosto quando ele me lambe
Me toca e me chupa e sufoca
E provoca e invoca a louca que há em mim

Eu gosto quando ele me xinga
Me chama na cama:
- Vem minha puta!

Eu gosto quando ele goza
E fala que me ama
(Eu gosto de acreditar)

Eu gosto quando amanhece
Eu estou só
Mas a mancha de sêmen no lençol


Me diz que não foi um sonho...




Esse eu fiz lá para o armAZém3, o tema era "Mulher", pensei em enviar o Oito de Março, que é um dos meus melhores poemas, mas ela não era inédito, e me comprometi a publicar sempre textos inéditos lá, então escrevi esse como Íris, tentei pensar como uma mulher, uma mulher solitária como a Íris, gorda, fora do padrão pré-estabelecido como bonito, que tem um namorado-ficante, que gosta dela, gosta do jeito dela, mas não tem coragem de assumir o relacionamento, teme ser visto com uma gorda, com uma mulher feia. Ele é um cretino, um imbecil, mas ela gosta dele (na verdade ela ama qualquer um que lhe dê um pouco de carinho), por isso as noites em que ele aparece são tão especiais.


sexta-feira, julho 15, 2005

Enquanto isso, no telefone...

- Blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá...
- Querida...
- Blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá...
- Querida, vou ter que desligar, depois a gente se fala.
- Tá, beijos.
- Beijo.
- Me liga.
- Ligo.
- Te amo.
- Também te amo, tchau.
- Tchau.

quinta-feira, julho 14, 2005

Da série microcontos...



Para não gozar antes dela, ele pensava na raiz quadrada de 57.

segunda-feira, julho 11, 2005

O Homem de Chocolate
by Íris M. Lima


Estava sozinha no meu quarto,
com minha caixinha de bombons,
e meus sonhos de menina.
Então ele apareceu:
Saltou de dentro da caixa
com seu robusto torso de chocolate,
arremessou-se contra meus lábios,
penetrou em meu corpo,
e derreteu dentro de mim...

...depois sumiu

(Mas ainda sinto seu gosto em minha boca).


quinta-feira, julho 07, 2005





Era uma vez um jovem rapaz que sofria de umbigocentria, acreditava que seu umbigo era o centro do universo, um dia de tanto contemplar a beleza do seu mundo, foi tragado pelo buraco negro de si mesmo... não se tem notícias dele desde então.



terça-feira, julho 05, 2005


Fim de chuva...
Chão molhado refletindo luz do sol
As gotas d'água escorrendo pelas folhas
Uma manhã cálida despontando no horizonte
Esse balé da natureza de tão lindo causa espanto

Os olhos úmidos já refletem toda a sua tristeza
Uma lágrima precipita mesmo contra sua vontade
Escorrendo docemente pela bela e pálida fronte
Então a dama solitária vai ao pranto
Fim de caso...

sexta-feira, julho 01, 2005

Relatório de viagem.


Para a filha que se despede:
Tchaaaau!

Para o velhinho do meu lado:
Por favor, apague a luz.

Para o motorista que me guia:
Toma cuidado com minha vida.

Para a neblina de Ubaitaba
Essa paisagem é real, ou estou sonhando?

Para a morena que cochilava noutra poltrona:
Nunca vi alguém acordar tão bela.

Para a moça que pesca com o filho:
Posso pescar com vocês?

Para os jovens que pulam sobre o mar:
Nada (eles não vão me ouvir).

Para a igreja azul e branca:
Amém!

Para chuva fina que cai no início da noite:
Chora cidade, é saudade do dia né?

Para a senhora simpática que sorri pra mim:
Foi um prazer, obrigado pela hospedagem.

Para a cidade que estou deixando:
Uma ultima olhada.

Para a garota que deseja meu chocolate:
Quer um pedaço?

Para a filha que me recebe:
Um beijo!

Para o texto que escrevi:
Lembranças da viagem.